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🌸 CAPITULO 1: A Primeira Pétala sob o Mesmo Céu.

Atualizado: 3 de mar.

⛱︎ Orla de Fortaleza, 6h da manhã


Sofia caminhava na orla com os pés descalços, sentindo a areia fria e úmida que escorria entre os dedos. Usava um shorts jeans e uma camiseta branca surrada do Restaurante da Dona Marta – o estabelecimento simples da mãe, onde trabalhava desde os 14 anos lavando pratos e servindo baião de dois. Na mão, um colar de cordas vermelho com pingente em formato de gota na cor azul, presente da avó materna. 

personagem sofia

Ela observou os corredores passando em grupo, suando sob o nascer do sol. ― A vida é como uma maratona, né, Deus? pensou lembrando-se da carta de Hebreus 12:1. "Corramos com perseverança a corrida que nos é proposta." Mas sua corrida parecia estagnada: 26 anos, solteira, sem saber se o pai – um coreano que voltou a Seul quando ela tinha 8 anos – ainda estava vivo. 


Sentou-se na areia e olhando para o amanhecer alaranjado sua mente a levou para uma memória quando ela tinha apenas 10 anos, Sofia perguntara à mãe: ― Por que o appa foi embora? Dona Marta, secando pratos com força, respondeu: Algumas pessoas são como o vento: passam e não voltam.

As palavras ouvidas naquela época inda não faziam sentido para ela.


Enquanto se abaixava para pegar uma concha em forma de coração, ouviu uma voz suave dentro de si: "Vá." Era a terceira vez na semana. Ela respirou fundo, o cheiro do mar ficou mais forte em seus pulmões. "Mas por que lá, Deus? Eu nem sei coreano direito!" O vento trouxe o som de uma gaivota, e ela lembrou do sonho: um homem sob cerejeiras.


Sofia tirou do bolso um folheto amassado do Museu de Arte Asiática de Seul, onde uma exposição sobre arquitetura Joseon a fascinara online. "É só uma viagem de turismo?" Ela sabia que não. O dinheiro da passagem – economizado por anos – era quase todo do trabalho no restaurante. Imaginou-se dentro da exposição mas seus pensamentos foram interrompidos rapidamente.


Enquanto a onda molhava seus pés, Sofia riu com a leveza de uma criança dançando na praia. Com o coração acelerado e a mente fervilhando de dúvidas e esperanças, ela murmurou:

 

― Tudo bem, Deus. Vou correr na Tua direção. Mesmo que eu não saiba todas as respostas, confio que cada passo que me aproxima de ti.

 

A brisa que vinha do mar parecia carregar um sussurro, e naquele instante, o sonho de um homem sob as cerejeiras emergia como um convite silencioso para trilhar um caminho novo.


🍽️ Restaurante da Dona Marta, Varjota, 7h da manhã


O forte cheiro de Cebola refogando havia tomado o ambiente, ao longe era possível ouvir uma televisão antiga sintonizada nas noticias, Sofia ajudava a mãe a fatiar jerimum para o caldo. O restaurante era pequeno: quatro mesas de formica, paredes descascadas com fotos de Fortaleza nos anos 90. No balcão, um cartaz escrito à mão: "Hoje tem escondidinho de carne!" 

 

Dona Marta estava lavando panelas apressadamente quando disse: ― "Você tá mesmo querendo fazer essa viagem, Sofia? Coreia é lá na casa do chapéu!" 

- Sofia abriu um sorriso sem mostrar os dentes, ― onde fica a casa do chapéu? Ela se perguntou e respondeu ainda entre risos: ― Mãe, eu já te expliquei. Não é só turismo. É... uma missão.

- Dona Marta resmungou: ― Missão? Não quero ver você sofrendo, minha filha. 

 

Sofia Sofia baixou o olhar por um instante, sentindo o peso das lembranças, seus olhos fixaram nas mãos calejadas da mãe – 30 anos cortando carne e lavando louça. "E se eu for só mais uma desilusão, como o appa?" Mas então, lembrou-se da paz que sentira na praia. "Não. Isso é diferente." 


🎨 Museu de Arte Contemporânea de Seul, 15h (horário local). 


Passos ecoavam nos corredores de mármore, um guia turístico explicava o significado das esculturas em inglês.  Minho usava um terno cinza impecável, inspecionando o local para um evento corporativo da Lee Gardens. Seus olhos, porém, fixaram-se em uma pintura: "Florescimento Noturno", que mostrava cerejeiras sob a lua. A placa dizia: "A beleza efêmera fala o que palavras não conseguem." Um sentimento de tristeza surgiu em seu coração, sentiu seu peito apertar com flashback breve de sua irmã mais nova.

 

Aos 16 anos, ele e a irmã Soojin roubaram tinta da escola para pintar cerejeiras no muro do orfanato local. Oppa, um dia vou abrir um café aqui!, ela dissera. 

Minho, sorrindo timidamente, disse: ― Você vai, Soojin, podemos ser sócios.

 

Minho apertou o relógio parado no pulso, em uma tentativa de retornar ao estado presente. "Soojin, você deveria estar aqui." Seu walkie-talkie apitou: ― Sr. Lee, sua mãe está no lobby.


A Sra. Lee, de tailleur vermelho, entregou-lhe um dossiê: ― O festival começa em uma hora. Você vai representar a família. Enquanto ajustava o terno e guardava o dossiê que a Sra. Lee entregara, Minho permaneceu por um instante diante da pintura, como se ali, nas delicadas flores das cerejeiras, estivesse buscando um sinal – uma resposta que a razão ainda não conseguia explicar.

 

Nas primeiras horas da manhã, duas vidas tão distantes quanto os oceanos compartilhavam o mesmo chamado. Em Fortaleza, Sofia, com seus pés descalços na areia fria, e em Seul, Minho, com o coração apertado pelas lembranças, sentiam, mesmo que de maneiras diferentes, a presença de algo maior. Sob o mesmo céu, entre o som das ondas e o eco das esculturas, Deus plantava as primeiras pétalas de um destino que, pouco a pouco, iria unir suas jornadas.

Sofia, enquanto caminhava de volta para o restaurante, refletia: “Cada passo é uma oração. Cada desafio, um sinal. Hoje, preciso que o meu caminho começe a se desenhar.”

 

Minho em um suspiro silencioso, ao se afastar da pintura, pensou: “Talvez as flores que crescem no inverno me ensinem que, mesmo na dor, há uma promessa de renascimento.”


🌸


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História escrita por Lilian Bastos. Todos os direitos reservados. A reprodução total ou parcial sem autorização é proibida e o plágio é crime. 🚫📚

3 commentaires

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Enne
06 mars
Noté 5 étoiles sur 5.

Amei o primeiro capítulo 💜. Já estou ansiosa pelo próximo.

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Invité
04 mars
Noté 5 étoiles sur 5.

Gostei muito do primeiro capítulo. Estou ansiosa para ler o próximo.



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Rose Sindeaux
02 mars
Noté 5 étoiles sur 5.

Muito interessante esse conto, amei o primeiro capítulo, 🌷ansiosa para os próximos 🤩

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